segunda-feira, 2 de maio de 2016

Minha história - Capítulo 1

Nasci numa família simples. Tive uma infância incrível cheia de amor e carinho. Com base religiosa predominantemente espírita, cresci sabendo valorizar e cuidar do meu lado espiritual.. Tenho certeza que foi isso que me ajudou a passar por todas as barreiras que descreverei a seguir.
Em setembro de 2008, tinha 16 anos comecei a trabalhar na Caixa Econômica Federal. O meu salário de 475,00 era fundamental pra ajudar em casa na situação recente da separação dos meus pais que não foi nada amigável e nem fácil de lhe dar. Minha primeira chefe, pessoa incrível que me incentivou de todas as maneiras a chegar onde estou hj, mencionou a profissão de comissária pra mim. Eu pensei: com que dinheiro vou fazer o curso ? e ri mentalmente ouvindo ela e outras amigas do trabalho falando quão sensacional era a profissão. Era totalmente fora de cogitação buscar aquela carreira.
Final de 2009 acabou meu estágio e eu trabalhei em 2 lotéricas ainda ligada à caixa. Segundo semestre de 2010 me matriculei na faculdade e no início de 2011 comecei a trabalhar na Par Corretora. Comecei a fazer inglês novamente. Já tinha feito um tempo antes mas claro que precisei parar por falta de grana. Eu comecei a ganhar por comissão e tinha um salário totalmente incerto. Peguei habilidade com as vendas e decidi que era hora de arriscar. Trabalhava, fazia faculdade e inglês e iniciei em dezembro de 2011 aos sábados o curso de comissária. Minha meta era um valor x, pra ganhar y de comissão. Eu simplesmente precisava vender 1/3 a mais da meta pra conseguir manter a facul, o inglês, o curso de comissária e ajudar em casa, onde a situação era cada dia pior por falta de grana.
Sim! Eu fiz tudo junto. Inglês de manhã das 7:30 às 8h30 de manha as 9h entrava no trabalho saia as 17 e corria pra facul que começava as 19:00 e terminava as 22:00 e aos sábados das 8:00 as 16:00 era o curso de comissária. E se querem saber, não me arrependo. Faria tudo de novo. Mas tive que me submeter a alguns sacrifícios para fazer a coisa dar certo. Houve meses que eu tinha só o dinheiro da condução do curso e da facul. Não sobrava nada pra comer nos intervalos das refeições. Almoçava meio dia e só ia comer novamente qndo chegava em casa quase meia noite. Acontecia de vez em quando alguns desmaios, mas um litro de soro resolvia e me mantinha em pé por mais umas semanas até precisar voltar pro hospital pra me hidratar novamente. Me alimentava como dava. As vezes, simplesmente não dava. Pelo menos umas 5 vezes aconteceu de eu passar o sábado todo no curso e nao ter grana pra comer nada, e então o chá oferecido pela escola de aviação foi a minha salvação pra não cair dura no chão. Claro que ninguém sabia disso. Afinal, eu poderia abrir mão de alguma coisa pra não passar por essa situação. Foi uma escolha minha fazer tudo ao mesmo tempo com o salário que eu tinha e eu enfrentei. Fazia tudo isso passando por diversos problemas pessoais que não é necessário relatar aqui. O que é válido vcs saberem é que minha família, que estavam passando os mesmos problemas que eu, estavam sofrendo demais pra me motivar. Não houve incentivo de ninguém da minha família. Houve só problema atrás de problema que ao invés de me desmotivar, me dava forças pra lutar com mais dedicação. A raiva é um elemento que se usado de forma correta pode ser benéfica. Eu usei mto a minha raiva pra buscar uma vida diferente daquela que estava vivendo dentro de casa. Terminei o curso, estudei pra Anac. Vale ressaltar que eu não tinha recurso pra estudar. Não tinha computador nem muito menos internet na casa precária que eu vivia. Ia estudar na casa do meu pai que já tinha outra família e estava bem distante de mim e de meus irmãos. Mas passei por cima do pouco orgulho que tenho e pedi pra ele deixar eu fazer simulado online no computador dele. Eu ficava horas estudando e rezava pra Deus me ajudar pq eu só tinha dinheiro pra fazer a prova 1 vez. Tava toda endividada com os custos da sobrevivência na selva e os exames todos que todo futuro comissário precisa fazer. Chegou o dia da prova, 18 de outubro de 2012... Lá fui eu cheia de medo, como de lei pra todos que entram naquele lugar...


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